terça-feira, 1 de abril de 2014

CARTA COMPROMISSO DO I FÓRUM DA MULHER DE GUANAMBI



CARTA COMPROMISSO DO I FÓRUM DA MULHER DE GUANAMBI
“Mulher você não está sozinha! Existem serviços e leis que garantem seus direitos”.

Com a convocação do Poder Público, as lideranças de comunidades, famílias, o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, presidentes de associações, movimentos populares, representantes públicos, secretários e conselheiros municipais se reuniram no dia 26 de março de 2014, às 18:00 horas, no auditório da Câmara Municipal de Guanambi, para realizar o I Fórum da Mulher, onde, após a realização de diversas atividades, elaborou-se essa Carta Aberta para que fique registrado o compromisso de luta por uma sociedade mais justa e igualitária.
Consideramos esse processo como um esforço conjunto de diversos setores da sociedade e do Estado na defesa dos direitos humanos, sociais e da mulher.
Esta carta baseia-se nos valores da igualdade, de liberdade, de solidariedade, de justiça e de paz e propõe lutar por uma sociedade sem exploração, opressão, intolerância ou exclusão; onde a integridade, a diversidade, os direitos e as liberdades de todos são respeitadas.
Apela às mulheres e aos homens a proclamar individual e coletivamente o seu poder para transformar a sociedade em que vivem e a modificar radicalmente as relações que os unem para desenvolver relações baseadas na igualdade, na paz, na liberdade, na solidariedade e na justiça. Convoca todos os movimentos sociais e todos os setores da sociedade para se comprometerem na defesa dos valores aqui defendidos, tomando as medidas necessárias à sua aplicação.
Nenhuma condição humana ou condição de vida pode justificar a discriminação, pois todos os seres humanos, independente da sua origem ou gênero são iguais e gozam dos mesmos direitos.
Em uma sociedade democrática e igualitária nenhum ser humano pertence a outro, nenhuma pessoa pode ser transformada em escrava, forçada a casar, ser submetida a trabalhos forçados, ser violentada física ou psicologicamente, ser objeto de tráfico ou de exploração sexual.
O Poder Público deve garantir que os direitos e o respeito às mulheres se concretizem no cotidiano institucional criando e fortalecendo a rede de atendimento. Para isso são necessárias ações que estejam comprometidas com a diminuição das desigualdades de gênero, respeitando esse universo plural onde a sociedade vem se firmando como espaço democrático, de luta contra o machismo e o sexismo.
No campo da construção de direitos, as mulheres marcham há muito tempo para denunciar e exigir o fim da opressão por sua condição, para dizer que a dominação, a exploração, o egoísmo e às violências cometidas contra elas devem parar.
Um sistema judiciário acessível, igualitário, eficaz e independente é necessário para a transformação e afirmação dessas lutas. A tortura, o tratamento humilhante e degradante, as agressões sexuais, as violações, o tráfico sexual e a violência contra a mulher são considerados como crimes contra a pessoa e contra a humanidade. A Constituição Federal, em seu artigo 226, § 8º assegura “a assistência à família, na pessoa de cada um dos que a integram, para coibir a violência no âmbito de suas relações”.
Dados da Delegacia de Polícia de Guanambi, de janeiro de 2013 a fevereiro de 2014, apontam que foram instaurados neste período 156 inquéritos policiais envolvendo os crimes de ameaça, estupro, e lesão corporal dolosa contra mulher, uma média de 11,14 ao mês. Sabe-se que a maioria dos casos não são denunciados por diversos motivos, dentre eles: filhos, ameaças, medo, vergonha, desconhecimento de direitos, dependência econômica e dependência psicológica. 
A violência é resultado da discriminação de gênero, de uma cultura machista e patriarcalista, da falta de políticas públicas para uma rede de atendimento, proteção, combate e educação que vise à garantia dos direitos da mulher.
Pautamos nesse Fórum a necessidade de criação de mais organizações públicas, principalmente a Delegacia da Mulher, com vista à promoção de políticas de combate a desigualdades de gênero, contemplando o atendimento especializado às mulheres em situação de violência e do Centro de Referência e Atendimento a Mulher, para as mulheres em situação de vulnerabilidade ou vitimas de violência, com atendimento jurídico, médico, psicológico e social (equipe multidisciplinar) para um acolhimento qualificado, humanizado e especializado às mulheres.
Queremos comprometer o Estado e a sociedade numa ampla campanha de eliminação de todas as formas de violência contra a mulher, na construção de uma sociedade justa, igualitária e democrática que passa, necessariamente, pela efetivação de novas relações humanas, com dimensões culturais, sociais, econômicas, políticas e éticas em que  mulheres e homens tenham os mesmos direitos e oportunidades de cidadania.
Diante disso encaminhamos os seguintes compromissos a serem adotados:
·         Reivindicar a instalação da Delegacia da Mulher em Guanambi, com infra-estrutura adequada para o atendimento às vítimas de violência;
·         A criação do Centro de Referencia de Atendimento a Mulher para as mulheres em estado de vulnerabilidade social ou vítimas de violência;
·         Qualificar e humanizar o atendimento nos espaços públicos com serviços e atendimento que promovam a equidade de gênero e o reconhecimento da diversidade;
·          Realizar uma educação que promova a cidadania e a igualdade de gênero;
·         Intensificar mecanismos educativos para as mulheres vítimas de violência contendo as medidas protetivas, as políticas públicas existentes, seus direitos e como procurar ajuda;
·         Efetivação de políticas públicas na área da saúde, geração de trabalho e renda, moradia, educação, cultura, lazer e segurança para a população feminina, tendo como princípios de ação a intersetorialidade, a globalidade e a diversidade, executando políticas que levem em conta a diversidade do ser mulher:
Assim, frente á essas propostas, faz-se necessário que todos contribuam no que for preciso para dar à mulher o pleno respeito da sua dignidade e do seu papel. É tempo de reconhecer o longo processo histórico, onde as contribuições das mulheres são iguais as dos homens, na maior parte das vezes em condições muito mais desfavoráveis, e retribuir para que injustiças não sejam mais cometidas.

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